O Estado do Piauí possui um total de 127 casos de microcefalia notificados, deste número o Ministério da Saúde apontou que 32 casos foram confirmados, 14 descartados e 81 ainda estão sendo investigados. Em Picos, o primeiro caso de microcefalia possivelmente associado ao zika vírus foi confirmado em janeiro de 2016.
A criança nasceu na Maternidade Evangelina Rosa, em Teresina e possui um mês e dez dias de vida. O tratamento é feito na Associação Piauiense de Atenção e Assistência a Saúde (APAAS), do grupo Isaac Batista, localizada no centro de Picos.
A APAAS é uma associação filantrópica que conta ao todo com 28 profissionais de nível superior, entre médicos, fisioterapeutas, terapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros, realizando atendimentos para Picos e macrorregião, compreendendo 62 municípios da região do Canindé, Sambito e Vale do Guaribas. A associação é a primeira do interior do Piauí classificada como Centro de Reabilitação Nível 4 e tem como objetivo oferecer assistência multidisciplinar para as pessoas que precisam de um tratamento de reabilitação em otorrinonlaringologia, oftalmologia, ortopedia e fonoaudiologia, além de contar com apoio de psicólogos e terapeutas ocupacionais.
O A3Portal acompanhou um dia de tratamento da criança e conversou, com exclusividade, com a mãe da recém-nascida.
O tratamento da criança é feito na Associação Piauiense de Atenção e Assistência a Saúde (APAAS), em Picos. Foto: Elaine Luz/ A3Portal
O Contágio pelo Zika Vírus e o diagnóstico de microcefalia
A mãe, que prefere não ser identificada, conta que no início da gravidez apresentou sintomas como febre e manchas vermelhas na pele, mas que ao chegar ao hospital foi diagnosticada com virose, sendo medicada e em alguns dias já obteve melhora.
“No oitavo mês da minha gestação, através de uma ultrassonografia feita aqui em Picos, recebi o diagnóstico de que minha filha estava com microcefalia. Então fui encaminhada para Teresina para que outros exames fossem feitos, onde também foi confirmada a microcefalia. Fiquei na capital um mês até o parto ser realizado”, explica a mãe.
A respeito da descoberta da microcefalia da filha, ela disse que receber a notícia foi um choque muito grande e um momento triste, mas que logo em seguida foi necessário ser forte para programar o momento da chegada da filha e toda a rotina em casa. “A convivência com ela é ótima e tranquila, agradeço a Deus só em ela estar viva e com saúde na medida do possível, o que já é maravilhoso”, afirma.
O Tratamento
O Fisioterapeuta, Lucas Amorim, especialista em Saúde Pública e atuante na área de Fisioterapia Pediátrica, é o responsável pelos cuidados com a criança. Ele aponta que o tratamento iniciou há duas semanas e estão sendo seguidas todas as orientações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, que indica que o atendimento para a criança com microcefalia deve ser feito desde o início de vida.
Dr. Lucas Amorim, fisioterapeuta responsável pelos cuidados da criança com microcefalia. Foto: Elaine Luz/ A3Portal.
O tratamento de reabilitação do bebê consiste na estimulação de reflexos. “O nosso trabalho é estimular para que nos próximos meses venham reflexos próprios, para garantir que a nossa criança tenha um convívio social normal e o máximo de autonomia possível”, explica.
Dr. Lucas afirma também que a criança está reagindo bem ao tratamento e que ela tem todos os reflexos que são próprios de um bebê de um mês de vida conservados. “Eu faço os estímulos e os exercícios que são necessários e repasso também alguns exercícios que devem ser feitos em casa, que a família mesma pode fazer, para que assim ela possa ter um tratamento completo”, complementa.
O tratamento de reabilitação do bebê consiste na estimulação de reflexos. Foto: Elaine Luz/ A3Portal.
Assistência Municipal e cuidados preventivos
De acordo com a mãe, o município também oferece assistência à família, através do apoio na reabilitação e na disponibilização de uma pediatra para acompanhar a criança, quando for necessário. Sobre a ligação da microcefalia ao zika vírus ela aponta que isso ainda não foi comprovado.
“No momento eles apenas fizeram os exames. A pediatra de Teresina me informou que amostra do meu sangue e da minha filha seriam congelados para quando fosse possível ser realizado um exame que realmente comprovasse a relação do zika com a microcefalia”, informou a mãe.
O Ministério da Saúde segue firme nas orientações para as gestantes, apontando que devem ser adotadas medidas para reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, como a eliminação de criadouros. Além disso, é importante a proteção contra a exposição de mosquitos, mantendo sempre portas e janelas fechadas ou com telas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar também repelentes permitidos para gestantes.