Nos últimos meses os crescentes casos de abusos sexuais têm chamado à atenção da população e das autoridades, não apenas em Picos, no Piauí, mas em todo país. De acordo com dados do Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (Samvis) de Picos, o número casos registrados vem crescendo.
No ano de 2015 foram 12 casos notificados, em 2016, até o mês de maio, já foram atendidas oito vítimas de violência sexual em Picos, com idade de zero a doze anos, cinco registros e três casos com vítimas com faixa etária de doze a trinta anos. Nos últimos quatro anos, 52 notificações chegaram ao órgão. A coordenadora do SAMVIS, Michele Moreira, afirma que o aumento de casos pode estar relacionado às políticas públicas que incentivam às mulheres a registrar a denúncia.
“Nesse ano de 2016 vem aumentando as denúncias, isso pode ser explicado pelas políticas públicas de conscientização, que recebe o apoio da SESAPI. O envolvimento das mulheres por conscientização e esclarecimento por seus direitos e saúde foram fundamentais para que aumentassem a procura do SAMVIS”, conta.
Dados do SAMVIS apontam ainda um caso de abuso seguido de gravidez, registrado em 2015 em Picos. E no município de Bocaina já aconteceu um estupro coletivo, a vítima foi abusada sexualmente por três rapazes menores de idade, que no momento já estão com maioridade.
A conselheira Valtânia Moura fala que geralmente os abusos são praticados por pessoas próximas à vítima e que em Picos, o número de abusos pode ser muito maior, pois muitos casos seguem sem ser denunciados.
“Eu acredito, como conselheira, que ainda existem vários casos aí sem as pessoas denunciarem, esses casos, eles existem e são muitos, mas só que as pessoas ainda têm medo de denunciar, porque quando a criança é agredida, ela tem o problema com o agressor, que ele diz para ela não comentar com ninguém, através de ameaça. Quando a gente vem descobrir já tem vários meses ocorrendo”, afirma Valtânia Moura.
A conselheira alerta ainda que o abuso não está relacionado apenas a conjunção carnal. “O abuso sexual vem desde uma palavra, um olhar malicioso, dos toques físicos, para ele chegar na conjunção carnal não é mais o abuso, já aconteceu o abuso seguido de estupro, e vale lembrar que as adolescentes que estão começando a vida sexual mais cedo, elas acham que 12, 13 anos é comum praticar sexo, mas não, ainda é um estupro de vulnerabilidade e merece sim ser denunciado”, explica.
O presidente do Conselho Tutelar de Picos, Ricardo Veloso, defende que é necessário trabalhar com a prevenção. Ele alerta aos pais a ficarem atentos às mudanças de comportamento dos seus filhos, sempre alertando para que as crianças denunciem sobre um possível toque ou ato libidinoso.
As denúncias podem ser feitas no conselho tutelar, na Delegacia da Mulher e também pelo disk 100 de forma sigilosa. Quem sofre abuso sexual tem direito a passar por exames e a receber medicamentos que objetivam prevenir doenças sexualmente transmissíveis, além do acompanhamento psicológico.
(O Povo)