Das especulações ao acerto oficial foram alguns dias. Na última terça-feira, enfim, o Ultimate anunciou a luta entre Rafael dos Anjos e Conor McGregor como a principal do UFC 197, marcado para 5 de março, em Las Vegas, Estados Unidos. Campeão peso-leve do Ultimate, o brasileiro defenderá o cinturão contra um adversário que, após unificar os cinturões do peso-pena, decidiu subir de divisão para desafiá-lo.
nvicto no Ultimate, Conor McGregor desfruta o melhor momento de sua carreira após nocautear José Aldo em 13 segundos, em dezembro de 2015. A boa fase, segundo Rafael dos Anjos, tem prazo de validade e ele garante que irá mostrar ao oponente um outro lado na organização.
- Acho que, na luta, minha força vai ser algo que ele nunca experimentou antes. Experimentaria com o Zé Aldo, mas não teve tempo. Ele não foi um cara muito testado. Eu não. Já passei de tudo no UFC, foram 19 lutas. Tive maus e bons momentos. O Conor só teve bons momentos. Só viu o lado bom. Vou apresentar para ele o lado ruim do UFC - declarou ao Combate.com.
Confira abaixo a entrevista completa:
Negociação para a luta
A gente estava na negociação (da luta) há alguns dias. Eu já tinha assinado o contrato, só que não tivemos resposta da parte dele. Ele não tinha assinado a luta ainda. O anúncio seria no final de semana passado. Agora ele finalmente assinou o contrato e a luta vai rolar. Eu sou peso-leve, e ele é pena. Ele que está vindo me desafiar. Três dias depois da minha luta (contra o Cerrone), o Lorenzo Fertitta me falou que essa luta (contra McGregor) aconteceria. Não tive férias, só descansei o corpo e já foquei.
Revanche de Aldo e ida para o peso-pena
Na minha opinião, o José Aldo, que estava invicto há dez anos, merecia uma revanche instantânea, ainda mais pelo jeito que a luta foi. Não foi uma vitória convincente, dominante. Nesse caso, esse cidadão está vindo para a minha categoria e quer tentar fazer história. Mas eu acho que a história dele vai ser parada comigo, nos leve. Depois ele vai voltar a lutar nos penas. Eu torço para que o José Aldo consiga essa luta para lavar a alma, e pela honra dele mesmo. Vou mandá-lo de volta para os penas, e o José Aldo vai liquidar a fatura.
Respeito por Aldo
Lembro de uma especulação sobre o Aldo subir para os leves, e a resposta dele foi: acho que estamos muito bem representados pelo Rafael. Meu peso é o leve e vou ficar aqui. De lá, passei a respeitar muito mais o Aldo. Eu acho que ele merece a revanche - e que ele vai ter.
Inteligência de McGregor
Conor é um cara inteligente. Se ele colocar o cinturão em jogo com o Aldo, ele vai lutar 10 vezes e o Aldo vai ganhar nove. Ou contra o Frankie Edgar. Se ele perder o cinturão dos penas não tem mais nada. Aí o UFC deu essa oportunidade para que ele subisse aos leves. Se ele ganhar de mim, ele é o cara. Se perder, ele vai falar que é dos penas. É um cara inteligente. Eu vou fazer meu trabalho, treinar duro, e mandar ele de volta para a categoria dele.
Adaptação de Conor aos leves
Acho que ele corta bastante peso para os penas. É um cara alto. Da minha altura, acho. Mas no peso-leve é o ritmo é outro. Ele vai estranhar um pouco, e ainda vai chegar na categoria lutando contra o campeão. Isso vai pesar um pouco. Ele tem o jeito muito confiante, mas, mais confiante que eu ele não está
Comparação de carreira
Eu lutei com atletas muito melhores que ele. Não tinha nem que estar discutindo estratégia. Já lutei com Pettis, Cerrone, Ben Henderson, ex-campeão. Acho que tive oponentes melhores que ele - sem tirar o seu mérito. Quando chegar lá vou imprimir meu ritmo e ele vai estranhar. O Conor é um cara que não faz um treinamento forte. Pelo que pude acompanhar, pega sparrings que ele tem alguma vantagem em cima e fica ali, dando uma dura neles. Eu não treino na minha zona de conforto. Sempre treino com atletas que me dão trabalho, que me dão prejuízo na academia. Sempre treino no vermelho.
Provocações
A provocação vai vir, coisa que ele fez muito com o Aldo. Só que o meu tempo para a luta é mais curto. O Aldo teve que ficar muito tempo aturando. Vou manter a frieza. Sei que é uma luta de 25 minutos. Minha experiência vai fazer muita diferença. Já estive ali muito mais que ele. Isso é uma piada (ser chamado de traidor). O fato de morar no exterior não quer dizer que a gente não é brasileiro. Esse cara é um brincalhão ao falar esse tipo de coisa. Agora, ele está querendo conquistar os fãs brasileiros. Eu sou 100% brasileiro, amo o meu país. Eu não moro lá por outros motivos. Mas eu represento o meu país e já estamos acostumados com essas palhaçadas dele.
Piada com Jesus
Fiquei muito chateado quando ele fez aquela blasfêmia e falou de Jesus. Sou cristão e fiquei muito ofendido com isso. Acho que só a felicidade de botar as mãos nele já vai me realizar. O dinheiro é importante, todo mundo gosta e precisa, mas eu não amo o dinheiro. Ele sim, ama o dinheiro.
Fonte: Globo Esporte