Não é segredo que nos dias de folia carnavalesca a libido aumenta, ficando ainda mais difícil controlar o impulso quando o clima se torna propício para o sexo casual. Por isso, para o Carnaval deste ano, o Ministério da Saúde optou por uma campanha de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) baseada no conceito de prevenção combinada: “camisinha + testagem + tratamento” - usar preservativo, fazer o teste rápido para detecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, se der positivo, iniciar imediatamente o acompanhamento clínico e a medicação específica.
Com o slogan #partiuteste - lançado oficialmente em dezembro, no Dia Mundial de Luta contra a Aids -, a campanha tem como público-alvo, em especial, jovens entre 15 e 24 anos. Como parte das ações de conscientização sobre o sexo seguro para o período do Carnaval, o Sistema Único de Saúde (SUS) estará distribuindo em todo o Brasil mais de 120 milhões de preservativos. Nos aeroportos do Recife, Rio de Janeiro e de Salvador, cidades com grande concentração de foliões, estão instalados 34 displays para a retirada de camisinhas nos banheiros femininos e masculinos.
As estratégias de prevenção e incentivo ao diagnóstico precoce do Ministério da Saúde incluem ainda a ampliação da assistência às pessoas com HIV e Aids, e também da testagem do HIV por meio do fluído oral, cuja coleta acontecerá em bares, parques e outros lugares de grande concentração de pessoas. Em 2014, foram distribuídos 6,4 milhões de testes rápidos para detecção do vírus em todo o país - 26% a mais em comparação aos 4,7 milhões distribuídos em 2013.
Esse conjunto de iniciativas tem por objetivo o cumprimento da meta “90-90-90”, adotada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), que corresponde a 90% de pessoas testadas, 90% dos soropositivos tratados e 90% das pessoas em terapia antirretroviral com carga viral indetectável até 2020. Das estimadas 750 mil pessoas que vivem com HIV e AIDS no Brasil atualmente, 80% foram diagnosticadas – ou seja, 150 mil infectados pelo HIV no país desconhecem a condição.
Segundo os resultados da pesquisa Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP), apesar de 94% da população ter clara a informação de que o preservativo é a forma mais eficaz na prevenção de DST/Aids, 45% desse grupo de indivíduos sexualmente ativos não usou a proteção nas relações sexuais casuais nos últimos 12 meses. O levantamento também aponta que mais do que dobrou o número de pessoas que relataram ter tido mais de 10 parceiros sexuais na vida.
E, apesar da tendência de estabilização do número de pessoas com o HIV no país e do coeficiente de mortalidade por Aids ter apresentado diminuição de 13% em 10 anos, passando de 6,4 casos de mortes por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2013, foi registrado um aumento importante no volume de casos entre os mais jovens. Na faixa etária prioritária da campanha – 15 a 24 anos –, o número subiu de 9,6 por 100 mil habitantes, em 2004, para 12,7 por 100 mil habitantes em 2013, o que corresponde a um aumento de 32,3%. A incidência foi maior no público masculino que no feminino.
Ao longo do ano, a campanha #partiuteste será estendida, com adaptações, para outras tradicionais festas populares.
Fonte: Ig